domingo, 6 de julho de 2008

Balada da Morgue - Miguel Torga


(Em homenagem a um amigo meu que faleceu ontem)



Olho este corpo morto aqui deitado
E sinto impulsos de beijá-lo e ter
Toda a força de beijá-lo
Com sugestões de prazer…

Que bruta sinceridade!
Que humildade!
Que vaidade!
Que mentira! Que verdade!
Todo nu! Eu pressinto-o
Dando desejo e fastio…

Não é de mulher, não é;
Nem d`Homem; nem d´animal
Irracional:
É d´Anjo predestinado
Que foi sacrificado
Para dar a noção exacta da renuncia.

1 comentário:

Anónimo disse...

FORÇAaaaaaaaaaaaaaa Silvana !

Muita LUZ !!!

Zé Pires