O ministro da Educação tem argumentado com o "facilitismo" da escola pública e a "liberdade de escolha" para promover o privado na Educação, tomando a Suécia como modelo. Mas os resultados do relatório de referência da OCDE arrasam por completo essas teorias.
Comparação da pontuação de Portugal e Suécia nos rankings do relatório PISA de 2003 e 2012
O relatório PISA 2012, divulgado esta terça-feira pela OCDE, conclui que a presença de escolas privadas não é sinónimo de melhor desempenho dos alunos ou de mais qualidade educativa. O país que Nuno Crato aponta como farol da sua política do cheque-ensino - a Suécia - foi dos que mais caíram nos rankings da OCDE tanto em Matemática como em Leitura e Ciência, passando para trás de Portugal. Comparando com o relatório de 2009, verifica-se que Portugal ultrapassou a Suécia nas três áreas deste ranking e o "país-modelo" de Nuno Crato foi mesmo o que mais caiu entre os 65 países sujeitos a esta avaliação.
"Após ser considerado o status socio-económico, as escolas privadas não têm uma performance melhor do que as escolas públicas e as escolas que competem com outras por estudantes não registam melhores resultados que as outras que não competem", conclui a OCDE no seu relatório.
O ensino em Portugal, que Nuno Crato apelida de "facilitista", conseguiu entre 2003 e 2012 "aumentar a sua fatia de alunos com notas muito altas e ao mesmo tempo reduzir a fatia de alunos com notas muito baixas", indica ainda o relatório. No ensino da matemática, um dos alvos preferenciais de Nuno Crato, Portugal foi inclusive dos que mais subiram neste ranking nos últimos anos, atingindo a média dos países avaliados, na companhia da França, Noruega, Reino Unido, Islândia, Dinamarca, entre outros.
O relatório PISA elogia os resultados do modelo aplicado nos últimos dez anos no ensino da matemática, o mesmo que Nuno Crato quer extinguir sem fazer qualquer avaliação. A OCDE diz que "de forma consistente com a melhoria geral do desempenho em matemática", em 2012 os estudantes portugueses também reduziram os seus níveis de ansiedade face à matemática, em comparação a 2003. As reformas no sentido de apoiar e acompanhar mais os estudantes desfavorecidos economicamente, que conseguiram reduzir os chumbos no 9º ano de 21,5% para 12.8% entre 2004 e 2009, são também elogiadas pelo relatório agora divulgado.
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