sexta-feira, 3 de setembro de 2021

 

Recomendação apresentada pelo Bloco de Esquerda e 
rejeitada por unanimidade CDU na Assembleia Municipal

 

Insetos Polinizadores

 A polinização é o nome que se dá ao processo de transporte do pólen das estruturas masculinas das flores para a parte feminina de uma flor da mesma espécie. Isto permite a formação de sementes, forma de reprodução das plantas com flor, do qual resultam descendentes, e é essencial para a manutenção das comunidades de plantas silvestres e agrícolas;

Pelo menos 80% das espécies cultivadas no mundo inteiro precisam de polinização para fazer a reprodução, sendo que também é responsável pela produção de cerca de 90% das frutas, leguminosas e hortícolas que consumimos;

A polinização é feita por agentes polinizadores que são maioritariamente animais, principalmente insetos. As abelhas e as borboletas são os polinizadores mais amplamente conhecidos, no entanto, outros tipos de insetos também estão envolvidos neste processo, como escaravelhos, moscas, vespas, traças, etc.

Em Portugal existem mais de 1000 espécies de insetos polinizadores, entre abelhas, abelhões, vespas, moscas, borboletas, escaravelhos e formigas. Nas últimas décadas muitas destas espécies sofreram um decréscimo de cerca de 75%.

Se os insetos polinizadores desaparecerem, a maioria das plantas não conseguirá reproduzir-se o que conduzirá à sua extinção ou redução significativa do seu número, causando a destruição das cadeias alimentares num efeito de dominó.

A perda desta biodiversidade tem causas diversas: a urbanização e a fragmentação dos habitats, que reduzem a sua distribuição geográfica; a agricultura intensiva, que destrói os prados e recorre ao uso intensivo de pesticidas; as alterações climáticas, com a subida das temperaturas, o que confunde as plantas e causa a sua floração extemporânea, desfasada do ciclo de vida dos insetos, faz com que estes não tenham de que se alimentar, além de não estarem presentes na altura em que as plantas deles necessitam.

Também a destruição da flora natural das várias regiões, substituída por monoculturas ou plantas exóticas com períodos de floração desfasados dos ciclos de vida dos insetos nativos, leva a que estes não obtenham alimento na época adequada, acabando por morrer.

 Face ao exposto, a Assembleia Municipal de Setúbal, reunida em 28 de abril de 2021, delibera recomendar à Câmara Municipal que adote as seguintes medidas, de forma a ajudar a reverter a diminuição do número de insetos:

 1) Corte de relvados por seções, nos vários parques da cidade, dando oportunidade a que haja sempre uma parte da vegetação com plantas mais altas, o que dará tempo a que ocorra a floração;

 2) Instalação de estruturas de abrigo para insetos nos vários parques da cidade, principalmente aqueles que tendo árvores jovens, ainda não têm as cavidades naturais que se formam nas árvores mais antigas;

3) Construção de canteiros com plantas nativas, em floração durante todo o ano e adequadas aos insetos autóctones da nossa região;

 4) Seleção de árvores adequadas para plantar nos parques e ruas da cidade.

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